sábado, 20 de novembro de 2010

Desnudam


Há penas,

E luas de mil cores

Em cima da casa, minha

Que seduzem, desnudam impura

E convidam-me pra mais uma madrugada

Seca

E aceito, horas, esperas

E bondade vestida

Pro sol que talvez nem surja

E nem toque a carne

Com delírios

Apenas nasça

Gosto

E suma.

Stênio França, 19 de Novembro de 2010.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Fragmentos

Em cada coisa eu existo

pelo passado sentido

pelas lembranças vividas

de um mundo feliz.

Em cada parte eu insisto

cheirar lembranças ditas

e sentir cores vivas

se congelarem ao fim.

Eu digo, quando vejo

e caso meus braços

com as boas vindas

mas, separo com as idas.

Pois existo no bojo da saudade

e deslizo por um olhar

em ondas de lagrimas

fragmentos.

Que persistem ser amadas

quando ganhar o mundo

e fugir de volta pra casa.

Stênio França, 23 de outubro de 2010.

domingo, 3 de outubro de 2010

No entardecer (sem chuva)


entre os cabelos das meninas

passeiam ventos do sul

despreocupados com o dia quente

e pela pouca luz de um céu fechado

que irradia nuvens cinzas pra chover

no fim duma tarde mansa

o vento faz o tempo desbotar rostos

que passam na lente, no dente

e numa roda verde, fria

que descansa com as mãos na grama

Soltando cores pela boca

e dançando amores vivos

ao entardecer.


Stênio França, 29 de setembro de 2010.

sábado, 25 de setembro de 2010

Das três e meia


Em um desses sonhos, que te vejo

- Como não mais antigamente -

Passeiam frígidas caras

Em castelos de desatentos

Que um dia belo e imenso

Desmanchou-se feito água e pó

Por lençóis, que ainda, nos desdenham.

E em outro sonho, eu me vejo

Pendurado ao desencanto

Fraco que nem sinto mais teu cheiro

- mas meu nariz peleja -

Sufocando o ultimo perfume em vão

De ilusões que sonha, sonha tonto

Como nunca mais sonhou.


Stênio França, 24 de Setembro de 2010.

domingo, 19 de setembro de 2010

Um rabisco


Rabisco lindas letras

De sangue e vinho

A doce de drama fino

E de berros cochilados

Que ressoam pelos becos de ser

Minha e tua se quiseres rir.

Oscilo a alma sem temer, crer

Pra sentir a linguagem de anjos

Se encontrarem ao afeto

Insistentes por um sol, um paraíso

Em reluzentes signos de homens

Escrevo-te duas frases

Uma tolice e meus sonhos

Com deuses rabiscando o chão

E a folha do meu poema.


Stênio França, 06 de setembro de 2010.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Por trás dos teus ombros



Num pensamento branco quase sonho, aflita sem passar por despercebida a minha mão corre por entre as tuas e caminha com os pés da inocência, que me preenche. No norte azul dos teus olhos esbugalhados na direção dos meus – ingênuos que choram de alegria – eu vou guardando os teus pontos e dedos que dançam lindos a canção das asas e que fazem cócegas na alma e embaraçam os sentidos, se fazem nós.

Assim, por trilhas confusas, eu vejo o céu e deuses brincando felizes por trás dos teus ombros que é referencia e me guio, sigo... Sigo com meus heróis construindo cápsulas protetoras contra acordadores de sonhos.

Stênio França, 28 de Setembro de 2010.


Na bagunça



Tenho fogo

e cuspo cinzas

tenho tintas

que arriscam-me pintar

e moldar meu pés

que levam-me pro refugio

secreto – que é só meu.

E numa bagunça, outrora

tenho asas

que faz-me voar

e conduzir-me

pro teu final

na bagunça

que domina-me

feito areia entre dedos

feito guardião

e dono de mim.


Stênio França, 25 de Agosto de 2010.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Corte minha cabeça



Aperte sua espada, agora

Mas depois segure minha mão

E se desarme

Amarre meu peito

Em sua carruagem

E derrapa-me

Na direção trivial

Do fracasso

Sobre a quina do medo

Brando e forte

Eu vou além

Na baixa noite

Corrida

Aperte sua espada, agora

E corte minha cabeça.

Stênio França, 21 de Agosto de 2010.

domingo, 22 de agosto de 2010

Havia dor


Há monstros – no canteiro.

Pelo o olho que menos vejo

Na densa noite, cálida

Que penumbra

Onde a ânsia salienta o sono

Jura corrida as pressas

Sucumbe a dor

E recua pálida

Machucando castas feridas

Que de perto sangra

Seca o corpo

Derrama a alma

E dar com as mãos

Pra dançarem lindas

A canção promiscua

Na esquina do absurdo

Trajada a loucura

Enfeitando o medo – da janela

Iminente de criança.

Stênio França, 09 de agosto de 2010.

sábado, 14 de agosto de 2010

Arranhões


Arrasta o coração sangrando

Parte a parte de saudade

Fatiado pra degustação amarga

Longe ajunta justos os nós

E volta a desatá-los na manhã de nuvens

Quando a dor pede arrego

De joelhos

E amarra seca a solidão no canto da cama

Beirada ao desespero

Por sede de luz

Por brechas aflitas

Entre giros da manhã sem nuvens

Sem vestígios de chuva doce

Apenas restos e arranhões.



Stênio França, 01 de agosto de 2010.


Fuga



Passo lento – ostento.

Peneirando sorrisos

Fungando cheiros de gente quente

Que bota a vida pra cantar, tremer

E escancarar o coração sem receio

E ver cabelos lentos tecendo histórias

Passarem lisos e crespos de miscigenação

Da afeição a mão enrugada de dar benção

E me proteger por entres as árvores

Da trilha do sol

Que desfilam sem medo

E atentam-me reparar lágrimas

Que berram tristes solenes

Por um dia de volta

De fuga.


Stênio França, 28 de julho de 2010.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Relatos de saudade numa carta de salvação


Da varanda, no final do dia, o horizonte que te levou de mim agora separa cores da aurora e nunca mais se tratou de te trazer de volta para cá.

Aqui - se ainda lembras - onde o barro é duro, as telhas saem pra se refrescar, janelas choram e as plantas falam línguas, os meus dias, desde então passam vagos e tristes de saudade tua. Vilarejo encantado que mais parece um cisco minúsculo no mapa mundi, agora abriga o meu ser imenso infeliz e esconde os meus fantasmas na solidão febril. O encantado, ao meio, se partiu.

Agora, feito cobra que se arrasta pelo chão limpo e pensamentos que martelam os mesmos pregos quebrados, vivo.

Desde muito sempre, os meus olhos cansados denunciam meu desejo por tua salvação. Nunca mais vi felicidade no meu semblante ­­­­­defronte ao espelho antigo, e que já desenhado de velhice, agora só empurra o meu desanimo no abismo profundo do esquecimento.

Mas com um único suspiro de esperança, escrevo-te nessa ultima carta azul e casta os meus mais puros sentimentos – transformo letras em fumaças e o meu sinal feito em voz de agudo alto de desespero. E tu, ao ler cantando, sentirás molhada a folha, gotas por gotas minhas e logo saberás que o meu choro amargo se transcendeu no papel doce, serão alarmes recitantes e soarão feito grito que em noites longas se enrola no embaraço do meu medo e eu suplico ajuda.

Vem e me retiras. De um salto só, quero cantar louvores e ver a luz dos teus olhos me iluminarem outra vez.

Porque tua lembrança fere a promessa feita. Sinto meu peito espremer de dor e contrair de vontade de fuga.

E de muito da vida agora, só me resta o frio da tua ausência impagável se formar em corpo e tocar o meu pra ver minha alma pedir saída.

Cede de morte, de vida.

Agora só me cabe o teu mundo, vem e me salva, leva-me contigo na dança fúnebre dos teus anjos pra sempre.

Stênio França, 04 de julho de 2010.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Caber em ti


Pede — feito em prece e em versos de inseguranças — como a última vontade de ser profundo, ser de aço a boca e se fundir com o líquido da minha. Sem ferrugem.

Onde cabe sussurro, cabe fome e sede de carne tua.

Poder semear em ti e enfeitar o íntimo quando a cama não mais denuncia a bagunça da penumbra noite passada.

Pede transgressão.

Como se a alma quisesse ser dona tua e ocupar-se de sentimentos vazios de outrora.

Ler de olhos a linguagem corporal única. Nela há um lado gelo e outro quente, há um lado amor e outro também.

Almeja (consciente) o encontro farto pra ver tomar dinâmica viril e ceder feito escravo do prazer reprimido.

Deixa — no final — o desejo singular se fundir com a plenitude do efeito da tua voz seduzida ao meu ouvido.

Ambos pedem afetos sólidos mutuamente.

Pede a minha vaga em ti.


Stênio França, 27 de junho de 2010.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Deus do sonho



Quando saio na linha da vida

A luz do meio-dia declama meu chegar

E barra o tardo na porta de saída

Cansada de guardar meu sono, boceja pra libertar-la

E pra disparar tiro feito penas de salivas sobre o esgoto da inconsciência

E mesmo que sonolento

O gosto da vida me chama pro café perdido

Vou de pés calçados de conjuntura ritímica

E o sangue parado toma gosto pra coisa

Fervem em densos movimentos e os meus pés levantam vôo

Representado como um jovem destro e enérgico, salto!

Transforma-me em Hermes de súbita metamorfose

Fazendo-me deus do sonho, dono de mim

Pois minhas asas são de aço

Minha alma é de nuvens

Minha vida é de Vênus

É de sonhos.

Stênio França, 19 de junho de 2010.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

O susto do vento

Solidão de meus pesares que sente-me

E sempre vejo, pois enxergo além

Muito além do escancarado

Que oscila entre a cama e endereços

Entre medos e lençóis, a ânsia do desmoronamento

Camuflar, camaleado de cores azul anil

Pra cobrir a tormenta dos meus dias

De noites sóbrias e apavoradas

Amedronta-me a interpretação do vento

Que é o curinga do meu quarto

Personagem invisível nas minhas costas

Que brinca com o movimento

Que é de fases, faz do vento lua

E conversa o dialeto da árvore

Recusável companhia.

Stênio França, 13 de junho de 2010.

domingo, 13 de junho de 2010

De novo


Num quarto de hotel barato

Os fatos se vestem de prazer

A noite batiza o erótico

E cuida da benção eterna, do gozo sólido

Mãos entre mãos, corpos entre corpos

O balé da sincronia perfeita

O entre e sai da alma

Do avoroso

Da vida que nem é bela, mas logo se torna

Pois o dia canta ao acordar, belisca pra lembrar

Refresca a memória impagável

Trás consigo o gosto da bebida dos deuses

E repete a canção da vontade noutro dia.

Stênio França, 09 de julho de 2010.

domingo, 6 de junho de 2010

Noturno



Ando variando vias

Costurando trilhas

Baleando em vidas

Procurando o noturno

No escuro que se vê – que finge ver.

Vago vagaroso

Arrasto-me nas profundas

Oscilo entre nuvens

Sem contenção

Sem piedade

Cem sentimentos

Infinitamente.

Stênio França, 02 de junho de 2010.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Efeitos


Quando a letra se atropela no ato

O ritual do não-faz-sentido opera

Adiante, essa mesma letra castiga

E faz punições severas

Pois viaja no trem de sentimento certo

Mas que às vezes incerto

Desliza trilhos oscilantes

Escreve cartas de boas condutas

Mas que às vezes com tudo

Erra no jeito, omite o feito

Magoa e destrói

Quando a intenção bate na porta errada

Mal entendida se torna

No desenrolar se enrola

Mas logo cuida de se corrigir

E se sobressair dos pretos-fatos.

Stênio França, 25 de maio de 2010.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Em um instante

De números e ponteiros

Se faz o pequeno relógio da vida

O tempo cruel que mastiga

E silenciosamente o que nos perpassa e apaga

Sem retorno

Seremos feito areia por todo sempre

Porém, os pensamentos não

Eles fixam e permanecem na grande onda

E só depois nos tornaremos presente

Sem a vez pro efêmero

Em quanto não, a espera contagia.



Stênio França, 22 de Maio de 2010.

sábado, 22 de maio de 2010

Amanda, parabéns.

.

Eu queria ser rico, milionário pra poder comprar uma sandália, uma camisa, e um urso do tamanho do Allyson pra ti, mas, a vida é injusta, eu deveria ter nascido rico e bonito. Sabe de uma coisa? Escrevo isso, porque é o meu melhor, que talvez, isso sirva como um presente marcante e que faça mexer as borboletas escondida do teu estomago. Tudo começa por onde? Tu acreditas no destino? Eu não. Acho digno o acaso, ele consegue justificar as coisas em mesa redonda, então por isso, agradeço a ele por um acaso da vida te conhecer, assim, toda você. Pra não deixar de lembrar, eu também agradeço muito a Deus por isso aqui, por você aqui, pela gente aqui, o que construímos juntos Amanda, e que modéstia parte, ficou lindo, você concorda? Parece coisa até ajeitada, a gente se dá tão bem, eu tão bem te entendo e você o mesmo.

Quando eu tiver bem velinho e puder um dia te ver a gente vai rir e ver o quanto à vida foi boa e engraçada pra gente.

Eu gosto do jeito como eu imagino te proteger, te cuidar, parece a irmã e o irmão mais velho, estou certo? Sendo assim, te faço hoje a minha outra irmã, só que sendo de sentimento, isso é mérito Amanda, agradeça.

E eu gosto também do jeito como tu me amas, é tudo tão casto e espontâneo que eu deliro. Parabéns minha coisinha minúscula, que Deus te faça sempre feliz e que aonde eu puder te fazer feliz eu ficaria feliz também.

Te amo.


Stênio França, 22 de maio de 2010. Um dia mais que especial.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Não há mistérios




De todos os gestos e jeitos teu

Lembro-me do que começa da raiz

E chegam as pontas, que balança e seduz

E que quando a tua mão

Que parece pequena

Seda, leve, toca a minha

Sinto-me no estágio do céu, no ápice do pecado

Sendo assim o teu aroma se faz presente

Por todo sempre

Aonde se escondia?

Até quando o acaso cuidaria do nosso encontro?

Eu joguei na sorte

Na grande loteria e encontrei você, plena

E a historia continuará e talvez ao léu

Mas sustentada de perfeição

Pois você não é preto é branco é anjo

Linda morena de cabelos longos e corpo desenhado

Não há mistérios, não há

Se faz assim e ganha na lábia

Deixa as letras se fazer por si

Deixa as letras fazer você

Porque só falando você conquista eu e o resto do mundo.



Stênio Franca, 18 de maio de 2010.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Castelo


Já que é belo, deixa entrar

E quando dentro faz o conjunto de formalidades

E sendo cerimonioso se faça anfitrião, deixe-me ficar

Virando de ponta a cabeça

Vejo, reparo e mexo

Na parede dura e forte e na porta antiga e segura do castelo

Procuro a parte final do alto dos altos

Chego a dormir e cair em sonho vivo

Feito histórias de fadas misteriosas

Afinal, sou mesmo o príncipe desse castelo?



Stênio França, 14 de maio de 2010.

sábado, 8 de maio de 2010

Grande rainha

Cresci vendo a sua força conquistar o reino, nosso

E sendo a dona do lar, se fez assim

Recebe o troféu de Deus, cheio de méritos e agradece


Acolhe tudo que está alcançável, protege os desprotegidos

Porque o mundo inteiro cabe dentro da sua humilde casa

O teto que cheira a leite e arde vida, transforma vidas.


E assim se fez meu eu, puro e glorioso

Refletido de saber e de uma voz que acalma a alma e remete ao certo

Com mãos castas, grandes e calejadas que cuida e ensina as crias


Nunca nos deixe aqui, sem você

Sem um eixo pra seguir e voar

Porque você é vida, nossa. Bondade e um porto


Dona da gente e que parece pequena, uma rainha.



Stênio França, 29 de abril de 2010.