terça-feira, 31 de agosto de 2010

Corte minha cabeça



Aperte sua espada, agora

Mas depois segure minha mão

E se desarme

Amarre meu peito

Em sua carruagem

E derrapa-me

Na direção trivial

Do fracasso

Sobre a quina do medo

Brando e forte

Eu vou além

Na baixa noite

Corrida

Aperte sua espada, agora

E corte minha cabeça.

Stênio França, 21 de Agosto de 2010.

domingo, 22 de agosto de 2010

Havia dor


Há monstros – no canteiro.

Pelo o olho que menos vejo

Na densa noite, cálida

Que penumbra

Onde a ânsia salienta o sono

Jura corrida as pressas

Sucumbe a dor

E recua pálida

Machucando castas feridas

Que de perto sangra

Seca o corpo

Derrama a alma

E dar com as mãos

Pra dançarem lindas

A canção promiscua

Na esquina do absurdo

Trajada a loucura

Enfeitando o medo – da janela

Iminente de criança.

Stênio França, 09 de agosto de 2010.

sábado, 14 de agosto de 2010

Arranhões


Arrasta o coração sangrando

Parte a parte de saudade

Fatiado pra degustação amarga

Longe ajunta justos os nós

E volta a desatá-los na manhã de nuvens

Quando a dor pede arrego

De joelhos

E amarra seca a solidão no canto da cama

Beirada ao desespero

Por sede de luz

Por brechas aflitas

Entre giros da manhã sem nuvens

Sem vestígios de chuva doce

Apenas restos e arranhões.



Stênio França, 01 de agosto de 2010.


Fuga



Passo lento – ostento.

Peneirando sorrisos

Fungando cheiros de gente quente

Que bota a vida pra cantar, tremer

E escancarar o coração sem receio

E ver cabelos lentos tecendo histórias

Passarem lisos e crespos de miscigenação

Da afeição a mão enrugada de dar benção

E me proteger por entres as árvores

Da trilha do sol

Que desfilam sem medo

E atentam-me reparar lágrimas

Que berram tristes solenes

Por um dia de volta

De fuga.


Stênio França, 28 de julho de 2010.